Vídeo: Prédio que desabou em Jaboatão teve reformas ilegais em quatro apartamentos, aponta Crea-PE
Estrutura do Edifício Kátia Melo, do tipo "caixão", ruiu após modificações sem laudo técnico; não houve vítimas

O desabamento parcial do Edifício Kátia Melo, ocorrido na última terça-feira (6) em Jaboatão dos Guararapes (Grande Recife), está ligado a reformas irregulares em pelo menos quatro apartamentos, segundo o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE). As unidades teriam passado por alterações estruturais, como remoção de paredes, sem acompanhamento de engenheiro ou documentação adequada.
A informação foi confirmada pela gerente de fiscalização do Crea-PE, Denise Maia, após vistoria realizada no local horas antes do colapso. Em conversa com a síndica do prédio, a equipe descobriu que moradores modificaram o layout interno de apartamentos, comprometendo a estrutura do imóvel, construído em alvenaria resistente (tipo "caixão") — método proibido há 20 anos, que dispensa vigas e pilares, dependendo exclusivamente das paredes para sustentação.
“Como é um prédio de alvenaria resistente, qualquer alteração redistribui cargas. A remoção de paredes sem análise técnica pode ter sido determinante para o desastre”, explicou Denise. Ela destacou que, embora reformas internas sejam permitidas, mudanças estruturais exigem Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), documento que não foi apresentado pelo condomínio.
Sinais ignorados e interdição
Dois dias antes do desabamento, a Defesa Civil interditou o prédio após identificar rachaduras, pisos afundados e portas travadas — sinais clássicos de risco estrutural. Moradores já relatavam problemas desde a semana anterior. Na manhã do dia 6, agentes retornaram para garantir que ninguém permanecesse no local.
Às 10h51, parte do edifício, que tinha quatro andares e 16 apartamentos, desmoronou. Câmeras de segurança registraram o momento (assista acima). Não houve vítimas, já que o prédio estava vazio desde a interdição.
Riscos do método "caixão"
Construído há mais de 40 anos, o Edifício Kátia Melo é exemplo das vulnerabilidades do modelo "caixão", comum em Pernambuco até os anos 2000. “Essas estruturas são sensíveis a intervenções. Qualquer modificação deve ser supervisionada por um profissional”, reforçou Denise Maia. O Crea-PE investiga se outras irregularidades contribuíram para o acidente.
Vídeos:
Pra quem tá perguntando, o prédio agora tá assim
— Jaque Patombá (@HelenaCarol_) May 9, 2025
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